11 abril 2009

Sábado de Aleluia

Hoje é a Grande Noite, em que das trevas emerge a Luz, a Luz da Esperança de Cristo Redentor!

Ele que se deu por Amor vem de novo ao nosso encontro, com o Seu imenso coração misericordioso dizer-nos quem tem sede do nosso amor, da nossa dedicação!

Entreguemos-LHE as nossas vidas, com tudo o que elas encerram – alegrias, tristezas, os nossos sofrimentos, as nossas mágoas.

Confiemos n'Ele, que está sempre de braços abertos para nos acolher e mesmo nos momentos em que pensamos que se esqueceu de nós, tenhamos a certeza de que mesmo nesses momentos Ele nunca nos abandona!

Ele que veio ao mundo para nos amar, façamos como Ele, entreguemos a nossa vida no amor aos nossos irmãos principalmente aos que sofrem e que mais precisam de nós.


Ailime, em 11.04.09

"O Sábado de Aleluia é o sábado anterior ao domingo de Páscoa. É o dia em que se acende o Círio Pascal, uma grande vela. O Círio simboliza a luz de Cristo, que ilumina o mundo. Na vela, estão gravadas as letras gregas Alfa e Ómega, que querem dizer "Deus é o princípio e o fim de tudo".

10 abril 2009

Por nosso amor


Hoje, sexta-feira Santa é o "dia da paixão e da crucificação do Senhor".

Por nosso amor amor, morreu o Senhor

Numa Cruz morreu o Senhor,

Recomendou dar a vida e a vida como irmãos

Em sinal de amor.



Planearam a Sua morte em silêncio,

Assustaram com gritos o povo.

E num lenho pregaram Seu Corpo

À hora da noa, à hora da noa;

O Senhor, O Senhor morreu.

O Senhor morreu.



É hora de noa na terra,

As sirenes de alarme soaram,

Mas ninguém se dedica a acordar

E o meu irmão chora, e o meu irmão morre;

E o clamor da sua voz não nos dói.

E o meu irmão morre.



É hora de noa na terra,

É hora da fome e da morte,

É hora do ódio e da guerra,

É hora de noa, quando sofre o meu povo,

Quando sofre o meu povo,

Quando cresce a dor e o engano,

Quando falta o amor.
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Ontem, quinta feira Santa, a Igreja comemorou "a instituição da Eucaristia, o sacerdócio ministerial e o mandamento novo -mandatum novum- da caridade, deixado por Jesus a seus discípulos". Este dia "constitui, portanto, um convite renovado a dar graças a Deus pelo dom supremo da Eucaristia, que se deve acolher com devoção e adorar com fé viva".
Palavras de S.S. o Papa Bento XVI.

Também durante a missa da Última Ceia ocorre a cerimónia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus, quando lavou os pés dos seus apóstolos.

07 abril 2009

A Paixão de Cristo na poesia

Após uma pesquisa que efectuei na Net encontrei esta colectânea de excertos de poemas de poetas portugueses, que considero verdadeiras pérolas sobre a Paixão de Cristo e que partilho com todos vós:

"Autores portugueses encontraram inspiração nos passos dolorosos da vida de Jesus.
Na história da poesia portuguesa são muitos os autores que calcorreiam com o leitor os passos dolorosos da vida de Jesus. A sinfonia das suas palavras transportam-nos para o mistério da cruz.

A inspiração de vários poetas mostra o olhar sofredor da Mãe que segura e chora o seu Filho:

«Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
Da Pedra e da tristeza, no teu canto,
Comigo ao colo, morto e nu, gelado
Embrulhado nas dobras do teu mando»
(Torga, Miguel)

«
Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa…
E deixa-me sonhar a vida inteira»
(Quental, Antero de)

«Oh Virgem de Nazaré,
Oh Mãe de Jesus
Lírio aberto aos pés da cruz,
Cujas pétalas de luz
Vertem lágrimas de fé» (Conde de Monsaraz, [Papança, António Macedo])

«Junto da cruz, que estremecia ao vê-la
Chorou, baixinho, a Mater Dolorosa:
E a terra, em volta, soluçou com ela» (Oliveira, António Correia de)
O Sinédrio decretara a Sua morte. Nestes passos dramáticos em direcção à humilhação, Jesus prepara-se para a doação total. Os doze esperam com ânsia uma palavra do Mestre.
«Levanta as mãos ao Céu vasto e piedoso
Vara-lhe o seio tenebroso espinho
Caem gotas, de sangue precioso,
De suor, nas violetas do caminho» (Leal, A. Gomes)

Mesmo de poetas descrentes, a beleza da sua linguagem expõe um sentimento religioso. Ao longo dos séculos, a Paixão e Morte de Cristo são fonte inspiradora da poesia. Luis de Camões – uma das almas lusitanas – tem elegias onde canta a Paixão do Filho do Homem.
«Aquele corpo tenro e delicado,
Sobre todos os santos sacrossanto,
De açoutes rigorosos flagelados» (Camões, Luís)

O poeta limiano, Diogo Bernardes considera-se culpado daquela morte. A luminosidade das suas palavras como que formalizam um pedido de desculpas. O lirismo religioso deste poeta do século XVI é marcado pela sinceridade.
«Eu vos crucifiquei, eu vos vendi,
Eu vos neguei mil vezes, que não três
Eu fui o que esse lado vos abri!» …
«Por eles (os meus pecados), meu senhor, te vejo estar
Crucificado nesse duro lenho» (Bernardes, Diogo)

Partindo das palavras do Evangelho de S. João (19, 1-3), o poeta da Arrábida ilustra a paixão de Jesus com a luminosidade de um místico. Frei Agostinho da Cruz assume a culpa do sofrimento e morte de Jesus.
«Eu fui, eu sou Senhor, o que vos pus
Nesse duro madeiro pendurado,
Donde morreis por mim, doce Jesus» (Cruz, Frei Agostinho)

Quando medita nas chagas de Cristo, Diogo Bernardes pede mesmo à sua alma que, por amor delas, se arrependa dos seus pecados e dê início a uma vida nova.
«Quando meus olhos nessas chagas ponho
E não me vejo em lágrimas banhado
Corrido fico, todo me envergonho» (Bernardes, Diogo)

José Régio aborda os últimos passos de Jesus num registo diferente. Lamenta ter nascido tarde, mas considera que Ele foi crucificado pelos homens.
«Por isso choro em mim a mágoa verdadeira
De ter nascido tarde, e só te vir achar,
Feito em marfim, metal, pedra madeira,
No cimo dum altar»
……
«O Cristo, ao alto, alonga os magros braços nus
Por sobre a escuridão do rancho desolado
Que segue, ao som da marcha, o seu Jesus
Por nós crucificado» (Régio, José)

Preso e atado à cruz, a multidão gritava: Crucifica, crucifica. A humilhação estava patente naquele rosto. André Dias explica a crueldade daquela morte. Este poeta dos séculos XIV e XV (1348-1437) coloca nas suas palavras a injustiça daquele tribunal.
«E todos bradavam com grande voz e alta:
- Crucifica! Crucifica este falso profeta
E morra sobre a cruz morte cruel e feia,
Que jamais não engane toda a nossa gente» (Dias, André)

Depois de saber que tudo estava consumado, Jesus disse: «Tenho sede». Teve como bebida, o amargo vinagre.
«Mas tem sede o Rabi. Um, mais cruel,
uma esponja, em caniço pontiagudo,
toda em fel ensopou. – Ora, este fel
amarga mais o mestre do que tudo» (Leal, A. Gomes)

Do alto da cruz, os seus olhos sem brilho contemplavam Jerusalém. Após ter tomado o vinagre, Jesus exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, rendeu o Espírito.
«Filhos de Cristo, consumou-se agora
O horrendo crime de Israel, na cruz.
Trémula se abre a terra; o sol descora
A igreja chora, - que morreu Jesus» (Ribeiro, Tomás)

A noite ia tombando de hora a hora cheia de assombro e cósmica tristeza. Esta morte foi vida. Foi um rasgão no tempo.
«Tu morreste por nós na cruz da afronta
E o sangue derradeiro
Derramaste do alto do madeiro,
Jesus, filho de Deus, Deus Verdadeiro
Aos crimes do homem não lançaste a conta
Inocente cordeiro
Quando foste no alto do madeiro
Lavar com sangue o último e o primeiro» (Garret, Almeida.)

Com a morte e ressurreição, a lanterna da vida brilha e alimenta a árvore frondosa do cristianismo.
«Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão
Tua vontade se faça, a minha não» (Nemésio, Vitorino) "

In "Agência Ecclesia"
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=71679&seccaoid=8&tipoid=127